quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Talmidim, a Palavra de Deus e as consequências

Talmidim: Lendo partes desta obra, me deparo com um devocional em João 17:17 onde o autor começa dizendo sobre a relação do cristão com o mundo e tal, até que ele diz: "A forma correta de nos relacionarmos com o mundo é obedecendo a Palavra de Deus. Mas a Palavra não é um monte de regras ou doutrinas religiosas ou teológicas. A Palavra é o verbo encarnado Jesus". A velha falácia do argumento duplo: diz uma verdade junto com uma mentira onde os defensores do sujeito só se lembram da verdade. É óbvio que Jesus é a Palavra de Deus (logos no grego, muito mais Palavra do que razão) e quanto a isso não há dúvidas ao cristão. Só há um problema fundamental: A Palavra (Jesus) está a destra do Pai nos céus (Atos 7:55-56). Como ter uma vida agradável a Deus vivendo neste mundo caído se a Palavra encarnada não está entre nós? Obviamente é atentando na Palavra revelada (escrita) de Deus, a Bíblia. Ao definir que devemos ter a Palavra encarnada como exemplo, o autor da obra cria diversos problemas:

1- Os ensinos de Jesus são mais importantes que qualquer outro ensino bíblico.

Este é um erro muito comum pois visa dar um maior peso ao que Jesus ensinou do que os profetas ou seus apóstolos por exemplo. Porém o cristã deve ter em mente que a bíblia é um livro único que contem muitos livros, uma parte não pode e não deve ser
tratada como mais importante pois, do contrário, qual a necessidade dos demais 62 livros do cânon bíblico?

2- Assume que a bíblia não tem serventia para ensinar o caminho certo ao cristão.

Se eu preciso apenas atentar nos ensinos da Palavra encarnada, para quê eu precisaria da Palavra revelada? Começaremos agora a fazer leitura seletiva da bíblia, onde eu levo em consideração apenas o que me convêm? Já dizia Agostinho: se eu levo em conta apenas a parte do evangelho que me agrada, não é o evangelho o que eu amo.

3- Repete a velha heresia Marcionita/liberal teológica de que a Bíblia não é a Palavra de Deus, apenas contem a Palavra de Deus.

Desde Marcião no século II até os liberais teológicos atuais (filhos de heresia deste) a Palavra de Deus revelada (Bíblia) tem sido atacada covardemente. Um dos principais argumentos de liberais teológicos é alegar frases como: "A bíblia é um livro de erros mas Deus fala através desses erros" (Karl Barth, comentário ao romanos) entre outros argumentos. O motivo é a suposta falta de amor do Deus do antigo testamento quando setencia pessoas à morte em relação aos mandamentos encontrados no novo. Na cabeça de tais pessoas, boa parte do antigo testamento e algumas do novo (especialmente com Marcião) não fazem parte do cânon bíbico pretendido por Deus, pois se chocam ou com as ideias humanistas ou com partes da ciência. O Senhor Jesus faz questão de quebrar este raciocínio, como por exemplo em João 5:35 onde ele diz: "As escrituras (antigo testamento) dão testemunho de mim" (tradução livre) ou o salmo 119 que é um louvor gigantesco a supremacia da Palavra de Deus (naquele contexto, o antigo testamento).

4- Impede um relacionamento objetivo com Deus, tudo torna-se subjetivo.

Ao afirmar que o nosso relacionamento é com uma Pessoa que não está aqui corporalmente (é óbvio que o Senhor Jesus pode se manifestar como e quando quiser, porém Ele mesmo disse que só voltaria para buscar sua igreja) o autor em questão implicitamente destrói em seus leitores a possibilidade de se conhecer a Deus de forma em que Ele seja o padrão para tudo e todos. Em outras palavras, somente a experiência pessoal é que conta (como fazem alguns [não todos] pentecostais). Sendo assim, torna-se impossível afirmar verdades sobre o ser de Deus e sobre sua verdade, sendo que o próprio conceito de verdade torna-se líquido pois, se o meio pelo qual nós nos relacionamos com Deus não está aqui, como podemos atestar verdades sobre Ele? Alguém pode contra-argumentar: Ele quis enfatizar o relacionamento com o Senhor Jesus. Mas isso não é atestado em nenhuma parte do devocional. O autor apenas joga a frase e a deixa sem uma explicação maior, com mais detalhes. Logo, a responsabilidade do correto entendimento é do autor do livro. Levando em consideração o seu passado...
Outro problema fundamental da falta de um conceito sólido sobre o relacionamento com Deus é a "colcha de retalhos" que Deus seria. O seu Deus seria de um jeito, o meu de outro, o do John Piper seria também diferente e o do Norman Geisler então nem se fala. Ao afirmar que o caminho para um relacionamento com Deus é se relacionando com Jesus (correto) a parte da Palavra de Deus (errado) nossa mente caída e pecaminosa fatalmente criaria deuses segundo a nossa imagem e semelhança (consultar romanos 1).
5- A relativização da verdade e do pecado.



Com deuses a nossa imagem e semelhança, a própria verdade de Deus seria um conceito dificil de se atingir, pois todos teríamos deuses de estimação. Consequentemente, o conceito de pecado também seria subjetivo: o que é pecado para o seu conceito de Deus não é para o meu conceito de Deus. A falta de um padrão objetivo de verdade, ou a escolha seletiva do que é verdade ou não levada as últimas consequências levam a um padrão de desordem e confusão. Quando Israel não tinha rei, cada um fazia o que achava mais correto (falta de padrão objetivo) e o resultado foi uma anarquia pecaminosa. A Palavra de Deus revelada a nós existe para isso mesmo: evitar que caiamos o engano do erro do pecado, pois a mesma é inspirada por Deus (II Timóteo 3:16).

Conclusão

Como sempre, aparecerão pessoas dispostas a defender o autor da presente obra com argumentos do tipo: essa frase em um devocional não prova nada, isso é procurar chifre em cabeça de cavalo, você não observou as coisas boas, etc. Mas será mesmo que vale a pena emprestar seus ouvidos e olhos a uma mentira tão grande em torno de algumas verdades? Alguém questionaria: mas não devemos ouvir todas as coisas e reter o que é bom (ITessalonicenses 5:21)? O contexto trata da vida do cristão dentro e fora da igreja: ele não deve desprezar as profecias (quando alguém fala em nome de Deus), aplicar o conceito anteriormente argumentado e fugir da aparência do mal. Alguém colocaria a mão no esgoto por causa de 2 centavos? Alguém beberia um copo de água limpa com apenas uma gota de veneno? Duvido muito que alguém em sã consciência diria que sim. Se somos tão preocupados assim com nosso corpo, por que não seríamos ais cuidadosos ainda com nossas almas? Este tipo de ensino corrosivo sempre cobra seu preço, as igrejas protestantes na Europa que o digam. Que Deus tenha misericórdia de quem toma ensinos como estes em consideração.

"Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho."
2 João 1:9

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Não terás outros deuses diante de mim (Êxodo 20:3)

A Lei de Deus foi entregue durante a saída do Egito rumo à canaã. O objetivo primário era retirar a cosmovisão politeísta egípcia da mente dos hebreus. Todas as civilizações da História tiveram suas religiões e seus deuses, logo, seria fácil para os hebreus caírem na tentação de servir aos "deuses" mundanos ( o que de fato ocorreu outras vezes no futuro). Deus se apresenta não como mais um deus, e sim como o único Deus verdadeiro. Isso nos mostra que:

1- Deus é diferente de todos os deuses criados pela imaginação humana.

O judaísmo não é a primeira religião do mundo (talvez seja o xamantismo ou o hinduísmo) mas é a primeira a afirmar a existência de um único Deus (as outras duas são o cristianismo e o islamismo). Ao afirmar seu caráter único e exclusivo, Deus se colocou acima dos deuses criados pela imaginação humana e consequentemente, de seus benefícios.

2- Não adorar o único Deus é não cumprir o propósito de nossas vidas.

Deus criou o Homem para o louvor da sua glória (Efésios 1:4) e pôs a eternidade no coração do Homem (Eclesiastes 3:11). A conclusão lógica é que Deus fez o Homem com uma forte conotação espiritual. O problema é que as sociedades do Ocidente buscam cada vez mais afastar o Homem da verdadeira busca espiritual, das coisas eternas e tenta colocar no lugar coisas materiais, busca por prazeres que prometem durar infinitamente mas têm prazo de validade, entre outros.

3- Não ter o Senhor como primazia nos lança em um vazio existencial.

Ao não louvar o Senhor e dar as costas para o lado eterno da vida a humanidade perde o caminho da verdadeira autodescoberta e entra em uma espiral de desespero, angústia ou autosatisfação vã, onde as coisas materiais se tornam mais importantes que as espirituais e as temporais mais importantes que as eternas. Consultórios de psicologia lotados são produto direto de uma cultura que se recusa a fazer aquilo para o que ela foi criada para fazer.

4- Fatos e circunstâncias favoráveis não diminuem esta realidade.

O fato de muitos seres humanos terem uma vida aparentemente boa e próspera sem levarem Deus em consideração ou adorando a "deuses" falsos não diminuem a importância da primazia do Senhor em nossas vidas. Em primeiro lugar, devemos nos lembrar que satanás têm seus próprios milagres (II Coríntios 11:14-15). O diabo pode oferecer benefícios materiais para manter a humanidade afastada de Deus, adorando deuses materiais ou ídolos do coração. O Senhor também permite que aqueles que não O amem venham a ter vida boa (Salmo 73) como prova de sua misericórdia.

5- O nosso coração é uma fábrica de ídolos (deuses).

Embora os ídolos originais sejam ídolos pagãos, com o crescimento do cristianismo tornou-se mais dificil satanás enganar as nações, embora o engano ainda exista. O problema é que nosso coração ainda é corrupto e acaba criando "deuses" diferentes dos originais: sexo, álcool, drogas, filmes, seriados, café, açúcar, filhos, carreira profissional, ministério, cargos, etc. Os ídolos modernos atacam interiormente porque nossa sociedade tenta nos afastar de Deus e da vida eterna. Então conhecemos o conceito de idolatria moderna, que pode envolver coisas boas, desde assistir a um filme ou uma partida de futebol até coisas extremas como o vício em drogas (Jeremias 17:9).

6- É fundamental ter comunhão com Deus.

Como já vimos, os ídolos do Ocidente no século XXI normalmente e vestem de sonhos, desejos e prazeres, oriundos do nosso coração corrupto. A única forma de vencê-los é tendo comunhão com Deus através da meditação em sua Palavra e da prática da oração. Jesus disse que seríamos santificados mediante a Palavra (João 17:17) e Tiago capítulo 5 diz que a oração pode muito em seus efeitos. Não há como vencer nossos próprios desejos sem a ajuda sobrenatural.

7- O maior dos mandamentos

Por estar em primeiro na ordem do Senhor, presume-se que este seja o mais importante dos mandamentos. É necessário pegarmos a opinião de um especialista neste ponto. Em Marcos 12:28-30 Jesus amarra os 4 primeiros mandamentos os condensa. Vemos então que toda a Lei se resume em amar a Deus em primeiro lugar. Quando eu adoro um outro deus como um deus pagão ou ao meu próprio coração, estou deixando de amar o único Deus verdadeiro como Ele merece e requer. Quando eu não amo ao Senhor, este vazio é preenchido com qualquer outra coisa ou ser que não seja Deus, o então o Homem perde totalmente o sentido da vida. 

8- Ter outros deuses é o grande pecado

Se amar a Deus de todo o nosso coração, alma, força e entendimento é o grande mandamento, não amá-lo nessa intensidade é o grande pecado. Não se trata apenas de curvar-se diante de uma estátua que constitui idolatria; quando amamos mais algo ou alguém, quando gastamos mais tempo com pessoas e coisas do que com Ele estamos cometendo o grande pecado. O Senhor deve ser amado e valorizado no mais alto grau de nossas vidas, muito mais que nossas carreiras, desejos e pessoas.

Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.cE estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.

Deuteronômio 6:4-7

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A bíblia e os direitos humanos


Um dos maiores equívocos de nossa geração é acreditar que é a mais evoluída de todas. Isso é algo que sempre acontece as sociedades: olham para o passado com desprezo as suas leis e códigos de conduta e julgam viver no mais maravilhoso dos mundos.

Não poderia ser diferente com a nossa, que advoga viver no melhor dos tempos. O mais engraçado é que daqui a 100 anos, provavelmente nossos descendentes dirão a mesma coisa que falamos de nossos antepassados: ultrapassados…

Uma das maiores conquistas que os seres viventes de hoje gritam aos quatro ventos é a conquista dos direitos humanos para todos (em teoria).

Direitos humanos, por definição e de uma forma bem resumida são os direitos básicos de todos os seres humanos. Como por exemplo: direitos civis e políticos, direitos à propriedade, saúde, etc. [1]

Sem entrar no demérito do teor ideológico de como esses direitos tem sido usados, mostrarei aqui que eles não nasceram por acaso, e sim, tiveram a mesma fonte de nossa fé: a bíblia.

Em êxodo 20, a partir da entrega dos dez mandamentos da parte de Deus à Moisés, começa então uma série de ordenanças sobre como os israelitas deveriam viver em Canaã. Alguns que leem essas narrativas sem levar em conta o contexto histórico são tentados a achar que Deus foi injusto e que essas leis são opressoras. Porém, ignoram-se 2 fatos:

1- Quem afirma isso, o faz com vista em seu próprio código padrão de seu tempo, ignorando que os direitos humanos evoluiram ao longo do tempo, tendo o cristianismo papel fundamental na concepção deles.

2- A lei mosaica (origem dos direitos humanos na forma como conhecemos hoje) deve ser comparada com códigos de direitos do seu tempo, não com um código de sociedade de 3500 anos depois.

A nível de comparação, seguem dois códigos de leis de civilizações relativamente próximas e que estavam em vigor à época da lei mosaica:

Leis de Eshunna, 1800 A.C

Se um homem livre não tiver justa reivindicação contra um homem livre, mas mesmo assim, raptar a moça escrava do outro homem livre, deter a raptada na sua casa e provocar a morte dela, ele deve dar duas moças escravas ao dono da primeira escrava, como indenização. Se não tiver justa reivindicação, contra uma pessoa de classe superior, mas raptar sua esposa ou seu filho provocar a morte deles, é um crime capital. Quem assim raptou, deverá morrer.” [2]


Código de Hamurábi, 1726 A.C

Se um nobre ferir a filha de outro nobre livre, e provocar um aborto da parte dela, deve pagar dez siclos de prata pelo feto dela. Se aquea mulher morrer, devem matar a filha do primeiro. Se, por uma pancada violenta, provocar um aborto da filha de um membro da plebe, deve pagar cinco ciclos de prata. Se aquela mulher morrer, deve pagar 1/2 mina de prata . Se ferir a escrava de um nobre e provocar um aborto da parte dela, deve pagar dois siclos de prata. Se aquela escrava morrer, deve pagar 1/3 de mina de prata” [3]

Muitas coisas poderiam ser examinadas nessas leis, mas o que chama a atenção de forma gritante é o tratamento diferente com relação as classes de pessoas (Marx vibra neste momento). Se o crime for contra uma escrava (mesmo se for assassinato) a punição é o pagamento de uma multa; se for contra outra pessoa da nobreza, a pena é a morte. E observando mais atentamente, os homens da nobreza ficavam praticamente imunes aos devidos castigos. Nessas leis, mulheres e escravos são tratados como propriedades de seu dono.

Começa então, a grande diferença em termos éticos e sociológicos do Antigo testamento. O sexto mandamento em Êxodo 20 é neutro, simplesmente diz: Não matarás! (Ex 20:13). Não há aqui qualquer privilégio que seja. Se as pessoas seguiram ou não essa recomendação, é outra história, mas fato é que Deus sempre procurou proteger os mais fracos também: órfãos, viúvas e estrangeiros, bem como mulheres e crianças, que não deveriam ser tratados como objetos.

Um pouco mais a frente vemos: “Quem ferir um homem levando-o a morte, também será morto” (Ex 21:12). Apesar de muitos se chocarem com a pena capital, deve ser levado em conta que aqueles eram tempos e guerra e a pena capital era vista como algo totalmente comum. Essa lei tem de ser comparada com as leis de sua época, não com nossas leis que sofreram várias transformações até chegar no nivel em que se encontram hoje (e ainda assim são ineficazes). O grande ponto é novamente a neutralidade que Deus mostra em julgar um criminoso: não importa a condição social ou condição de gênero, matar alguém (sem ser legítima defesa) era passivel com a morte também, seja homem, rico ou poderoso.

Alguns criticam o fato de haver escravos, tanto no antigo quanto no novo testamento:

1- A escravidão nos dois testamentos não tem haver com motivos étnicos, e sim, motivos de guerra e sobrevivência.

2- A condição dos escravos nos dois testamentos era infinitamente melhor do que a condição da escravidão que nós conhecemos (especialmente dos povos africanos).

Um exemplo disso se encontra aqui: “Não entregarás a seu senhor o servo que, fugindo dele, se tiver acolhido a ti; contigo ficará, no meio de ti, no lugar que escolher em alguma das tuas cidades, onde lhe agradar; não o oprimirás.” Deuteronômio 23:15,16

Apesar de nenhum autor bíblico fazer campanha pelo fim da escravidão (até porque não era o propósito deles) foram cristãos, tanto na Inglaterra quanto na Nova Inglaterra que começaram a onda abolicionista que viria a atingir todo o ocidente.

Os cristãos lutaram pelo fim da escravidão, não porque tinham noção acerca dos direitos humanos como formalizados hoje, mas eles compreendiam que esse tipo de prática não condizia com a vontade de Deus para os homens (veja Deuteronômio 24:7 e I Timóteo 1:9-11).

Nomes como William Wilberforce, John Woolman, Martin Luther King Jr, Jerzy Popieluszko, Oscar Romero, Dietrich Bonhhoeffer entre milhares de outros, não apenas levantaram suas vozes em busca de um mundo melhor (sem matar ou aniquilar os adversários para isso) como alguns até deram a própria vida. A bíblia, ao invés de ser a causadora dos males do mundo, como alguns injustamente a acusam, é a fonte da busca por um mundo melhor, até a volta de Jesus.

Só então, viveremos no melhor dos mundos.

[1]http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf

[2] J.B Prichard, Anciente near eastern texts relating to the old testament, ed Princenton university press, 1969, p. 162

[3] J.B Prichard, Anciente near eastern texts relating to the old testament, ed Princenton university press, 1969, p. 179


domingo, 22 de março de 2015

Mais Jesus é igual a menos religião: procede?

Uma afirmação recorrente em nossos dias é a do título. Em busca de, teoricamente alcançar pessoas nesse novo século, muitas lideranças cristãs tem lançado mão desse lema como discurso de vida. Mas, será mesmo que essa frase é 100% verdadeira? O que o panorama atual, e acima de tudo a bíblia, nos dizem a respeito?

Por conceito, se define religião como: Vem do termo "religare" - o homem estava separado de Deus e, uma vez reconhecendo seu pecado, precisava de algo que o ligasse novamente a Deus - que o religasse. Daí o termo religare - religião

Alguns sinônimos de religião: crença, doutrinas, ensinos, convicção, crédito, etc. [1]

Em primeiro lugar: "Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa."

II Tessalonicenses 2:15

O contexto imediato nos remete à um sincero elogio da fé dos irmãos em tessalônica, ao ponto de Paulo confirmar a eleição deles (v 13-14). O motivo disso era o fruto do Espirito Santo na vida dos irmãos. A fé salvífica em Jesus Cristo nos leva à obediência à sua Palavra perfeita; porém, nessa época, o cânon bíblico não estava fechado, o que levou as primeiras ordenanças acerca de Jesus ser transmitida pela presença de um apóstolo ou representante deste.

Depois: "Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos."

Judas 1:3

A palavra em grego para "fé" não se refere a convicção e certeza de coisas que não se vêem e convicções de coisas futuras. Aqui fé está mais próxima ao corpo de doutrinas que os apóstolos do Senhor Jesus transmitiam aos convertidos e que nesse contexto, a fé (corpo de doutrinas) estava sendo atacada, sendo ensinado que a liberdade em Cristo permitia aos membros das igrejas praticarem todo o tipo de imoralidade (especialmente a sexual). A verdadeira religião era tão importante que Judas fez questão de mudar o tema de sua carta para defendê-la.

"Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho."

2 João 1:9

João escreveu esse versículo como uma proteção a uma heresia bastante antiga chamada docetismo (afirmava que Jesus não veio em carne, apenas aparentava ter um corpo, por causa da influência do platonismo). Uma importante característica de um verdadeiro membro e de uma igreja fiel é a permanência  nos ensinos do Senhor Jesus transmitidos pelos seus discípulos.

"Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo."

João 7:16-17

Aqui Jesus foi questionado pelos judeus por saber tanto acerca de doutrina sem ter tido um estudo formal. Existem pessoas que afirmam que Jesus não se preocupava com doutrina, só em fazer o bem ao próximo, expandir o reino, etc. Essa é uma meia verdade:

1- Não há como fazer a vontade de Deus sem conhecer a doutrina bíblica.
2- Não há como saber se alguém faz a obra de Deus sem conhecer sua Palavra (doutrina).

Isso sem contar as inúmeras vezes que Jesus debateu com os fariseus o verdadeiro significado da religião (pois os mesmos tinham criado uma religião a parte, Jesus veio dar o verdadeiro significado dela):

"E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando, começaram a colher espigas. E os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é lícito? Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros? E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado."

Marcos 2:23-27



É claro que muitos questionamentos dos que lançam mão desse argumento (religiosidade zero) são verdadeiros. Um exemplo é a fossilização (ou engessamento) de muitas instituições em nome de uma suposta fidelidade bíblica, enquanto muitos membros estão morrendo mesmo estando vivos. 

A religião sem Jesus Cristo é algo terrível:

Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã.A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."

Tiago 1:26-27

Agora, querer derrubar 2000 anos de história e achar que vai "reinventar" a roda, querendo ser mais sábio ou afirmar entender melhor o nosso tempo é muita arrogância. É típico do ser humano advogar que vive no melhor dos tempos, tudo o que ficou pra trás é ruim (vide como o renascimento e o iluminismo se referem a idade média).

Por fim: "Pois a respeito de vós, irmãos meus, fui informado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós.Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo. Será que Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado por amor de vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?"

1 Coríntios 1:11-13

Dos 4 grupos partidários sobre líderes, um deles foi no líder certo: Jesus. Mas por acaso Paulo elogiou a atitude desse grupo? Não! Antes, exortou a todos os membros da igreja de corinto igualmente. Não adianta vir com a conversa de que "não seguimos a religião, sim a Jesus" ou "+ Jesus - Religião". O problema não é a religião. O problema, é a religião sem Jesus, sem glorificar seu santo nome. Quem critica somente a religião, se esquece de que quem a deturpa é o ser humano. Criticar somente a religião é como criticar o estupro aliviando o estuprador. É como criticar o roubo sem criticar quem cometeu  roubo.

É a velha máxima de Jean Jacque Rousseau: "O homem não é mau, a sociedade que o deixa assim" (substitua a palavra "mau" por "indiferente" e "sociedade" por "religião". Erra quem se conforma a religião sem Jesus. Erra quem acha que é o novo legislador da religião do século XXI. 

[1] Dicionário

domingo, 7 de dezembro de 2014

Tiago x Paulo: rivais?

Um ponto que parece confundir muitos cristãos é a questão da justificação. Atualmente parece consenso de que a justificação é pela fé somente mas quando chegamos na carta de Tiago capítulo 2 vemos que o homem também é justificado pelas obras. Será então que há um equilíbrio entre as duas? Esse tipo de desconhecimento da Palavra chega a levar pessoas a afirmarem em pregação que Tiago pregou contra Paulo.

“Onde está logo a jactância? Foi excluída. Por que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” Romanos 3:23

“Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.” Tiago 2:24

Algo que costuma ser ignorado é a consulta do idioma grego. No grego, a palavra justificação é “Dikaioo” que têm 2 significados: atribuir justiça e mostrar-se justo. [1] Esse entendimento será vital para entendermos o equilíbrio dessa questão.

Em romanos capítulo 4, Paulo usa o exemplo de Abraão para fundamentar seu argumento de justificação pela fé somente:

“Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

Ora, ao que trabalha não se lhe conta a recompensa como dádiva, mas sim como dívida;
porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça; assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo:Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputará o pecado.” Romanos 4:1-8

Aqui a palavra “Dikaioo” aparece em seu primeiro sentido: atribuir justiça. Mesmo sendo somente uma palavra, sabemos o seu sentido por causa do contexto que a envolve; seria impossível aqui Dikaioo ser "mostrou-se justo."

“Mas queres saber, ó homem insensato, que a fé sem as obras é inútil?
Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada.
E se cumpriu a escritura que diz: E creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus.Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé. E de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho?
Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” Tiago 2:20-26

Aqui a palavra “Dikaioo” (justificação) entra no segundo sentido, pois o contexto fala de algo prático, algo que foi feito, e não algo que outro fez por Abraão.

Então chegamos ao sentido cronológico da coisa para a correta harmonização: No exemplo de Paulo em Romanos 4, Abraão ainda não tinha seu filho, ele tinha acabado de sair da terra dele, tinha acabado de crer na voz que chama (Deus) e recebe a promessa de que seria Pai de muitas multidões.

 “Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.” 

Essa frase ocorre em um momento onde Abraão estava desanimado com o fato de não haver herdeiro dele e que sua herança e bênção iriam a um filho de um servo (Eliézer). Deus então promete que a descendência de Abraão seria como as estrelas do céu e então crê.

Muitos anos mais tarde (mais de 20) ocorre o episódio descrito por Tiago: “Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? 

A harmonização é essa: Abraão primeiro foi justificado somente por crer em Deus (Gênesis 15:6) e então, a partir daí, suas obras começam a exteriorizar (tornar manifesto) a salvação que Ele possuía em Deus, culminando com o capítulo 22 de Gênesis quando ele oferece Isaque sobre o altar (mais de 20 anos depois). Seria impossível a Abraão ser considerado amigo de Deus caso ele não fosse justificado primeiro (Deus lhe atribuiu justiça).

Isso corrobora certas passagens das cartas de Paulo que diz:
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.Efésios 2:10

Fiel é esta palavra, e quero que a proclames com firmeza para que os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas obras. Essas coisas são boas e proveitosas aos homens.” Tito 3:10

Algumas objeções fatalmente são levantadas. A mais comum é: “existem pessoas que não creêm em Deus e fazem boas obras, levam vidas que são exemplos a qualquer cristão.”

Essa objeção é verdadeira, infelizmente as vezes isso acontece, porém é aí que o conceito de justificação pela fé somente leva proeminência sobre as obras, pois se as obras tivessem proeminência, o sacrifício de Jesus no calvário seria somente uma parte a mais da salvação, e não o fundamento único. E também é preciso a qualquer ser humano estar em Cristo para fazer algo que Deus considere uma boa obra.

“Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus.” João 3:21

Assim como o centurião Cornélio (Atos 10) que era homem justo e piedoso por sua vida porém faltava-lhe aproximar-se da luz (Cristo) para efetivamente ser justificado, toda pessoa que tem um estilo de vida que se doa ao próximo mas não visa a glória de Deus como objetivo de suas vidas, está fardada à perdição se não converter essas boas obras com a fé na morte e ressurreição de Jesus. Efetivamente é a fé antes das obras (não sem) mas antes que nos leva ao céu, pois assim o mérito da salvação dos pecadores está 100% nas mãos de Jesus.

A conclusão é que nunca houve essa história de Paulo x Tiago, os dois agiram concomitantemente para um mesmo fim: mostrar que a salvação pela fé em Cristo Jesus nos leva a prática de boas obras para cumprir Mateus 5:16: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. O objetivo da nossa salvação é transformar nossa vida para que mediante a isso nós transformemos as vidas de outras pessoas levando-as para Deus e desse modo, glorificar seu Santo nome.

“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.” I coríntios 1:30-31

[1] Bíblia de estudo de Genebra

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Lei de Deus: suas três faces


Um assunto vital nas Escrituras é sobre a Lei de Deus. Poucos assuntos são tão importantes e tão controversos. Um entendimento errado sobre a Lei do Senhor pode fazer com que nós tenhamos um relacionamento errado com Ele. Por isso é importante conhecermos um pouco mais e melhor seus ensinos.

Para tal, precisamos estar certos disso: quando a Bíblia fala na Lei de Deus, ela quer dizer em uma Lei que se divide em três sentidos: sentido pedagógico, sentido civil e sentido moral.

Sentido pedagógico:

Aqui reside a maior confusão que as pessoas normalmente fazem. O primeiro sentido da Lei era puramente pedagógico, ou seja, tinha o intuito de ensinar. Isso fica ainda mais claro quando pegamos a palavra que sempre é usada para a Lei (Torah) que na verdade significa instrução. Deus sempre quis ensinar o ser humano a como viver corretamente. Muita gente acha que a Lei era simplesmente um ritual cerimonialista onde animais eram mortos, sangue era aspergido e comia-se manjares e ofertas. Só que Deus queria basicamente duas coisas: 

Mostrar a incapacidade do ser humano de ser qualquer coisa de bom por si mesmo:

"Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem." Gálatas 3:22

"Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos." Romanos 11:32

"Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;" Romanos 5:20

E acima de tudo, apontar para Cristo:

"Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de revelar. De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados." Gálatas 3:23-24

"Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo; mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do mundo; mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos." Gálatas 4:1-5

Deus deu sua Lei (instrução) aos homens para que o mesmo pudesse ter um padrão de vida agradável a Ele enquanto o Salvador não se manifestava na carne. A Lei revela tanto a justiça perfeita de Deus quanto a incapacidade do homem se salvar. Desse modo, a Lei lançou (abruptamente) o homem até Cristo.

Sentido Civil

O segundo uso da Lei é a forma civil. Os padrões morais do antigo testamento foram usados para refreiar o mal por meio de ameaças de castigo, tais como:

"Quem ferir a um homem, de modo que este morra, certamente será morto." Êxodo 21:12

"Se alguém ferir uma pessoa a ponto de matá-la, terá que ser executado." Levítico 24:17

"Se um homem ferir alguém com um objeto de ferro de modo que essa pessoa morra, ele é assassino; o assassino terá que ser executado."  Números 35:16

De fato existem inúmeros versículos não apenas sobre penas capitais, mas sobre relacionamento com o próximo, padrões de governo, forma de lidar com rebeldia, etc. A lei não pode mudar o coração, mas pode conter o mal das pessoas por meio de essas ameaças acima e outras. Assim a lei garante certa ordem e protege os fracos dos abusos dos injustos.

"Ele defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe alimento e roupa. 
Deuteronômio 10:18. 

"Não neguem justiça ao estrangeiro e ao órfão, nem tomem como penhor o manto de uma viúva. 
Deuteronômio 24:17.

Em Romanos 13 vemos que esse principio de Deus governando mediante sua Lei também é verdadeiro:

"Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela;
porquanto ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal." Romanos 13:3-4

Exatamente o mesmo principio visto na teocracia de Moisés é visto também no século I. Deus governa também por meios políticos, por meios de leis civis. Todo cristão legítimo é consciente de que por mais pesadas que são as leis, elas servem (em teoria) para garantir uma nação melhor.

É claro que a vida seria mais leve sem impostos. Mas também o dinheiro para as melhorias de infra estrutura (coisa rara no Brasil) simplesmente não existiriam. A lei civil tem seu fardo, porém é para o nosso bem. Nenhum motorista gosta de pegar sinal vermelho, porém se eles não existissem, ninguém iria querer parar e o trânsito seria um caos.

Sentido moral

O cristão deve obrigatoriamente conhecer a Lei pedagógica e deve cumprir a Lei civil, mas aqui está a mais importante. A Lei moral de Deus sempre existiu, é a revelação de seu caráter santo, perfeito e totalmente equilibrado. Esse caráter foi revelado na Lei mosaica, mas não havia como tornar o homem cumpridor dela. Através de Cristo e de seu Espirito Santo (Romanos 8:3-4) temos o devido acesso a essa retidão moral.

Não devemos achar que não existe mais Lei porque vivemos na graça. O novo testamento diversas vezes fala sobre Lei:

"Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte." Romanos 8:2

"Onde está pois a jactância? Foi excluída. Por que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé." Romanos 3:27

Não apenas isso, mas existem diversos ensinos sobre santidade, amor ao próximo, casamento, criação de filhos, questões de igreja...tudo isso provém da perfeita lei de Deus, porém existem cristãos até hoje com o argumento falho de que não são cumpridores da Lei, pois estão na graça.

A diferença é que os cristãos não cumprem a Lei para conseguir algo de Deus; os cristãos se esforçam para cumprir a Lei porque foram e são salvos e, com um sentimento de gratidão, querem agradar a Deus de todas as formas. Não obedecemos para sermos abençoados; porque somos salvos obedecemos. Sabemos que fomos feitos para a glória de Deus (Efésios 1:12) e que se não obedecermos a Ele, seremos os mais infelizes de todos os homens. 

Se um peixe sai da água, automaticamente morre; Se um pássaro tenta mergulhar, também. Se o ser humano vive como se Deus não existisse, a parte de sua vontade, automaticamente está morto. Todos fomos criados para a glória de Deus, qualquer coisa fora disso é suicidio. Por isso que o cristão não apenas pode, como deve cumprir a lei. A Lei do amor; a Lei de Cristo.

"Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor." Gálatas 5:6 

"A ninguém devais coisa alguma, senão o amor recíproco; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei. Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei." Romanos 13:8-10.

Cumprir a Lei fatalmente leva o cristão a amar.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

 O cuidado com a pregação
"Mas ainda que um de nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que temos pregado seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além do que recebestes, seja anátema."
Gálatas 1:8-9 
 
Esses versículos mostram a preocupação de Paulo em que os seus amados cidadãos da Galácia recebessem um evangelho deturpado. Trazendo aos nossos dias, é necessário trazer esse zelo por uma pregação autêntica de volta.
 
O trecho em questão trata do evangelho judaizante que queriam empurrar aos gálatas, mas cai como uma luva para nos trazer a tona um tema: a ineficácia das pregações atualmente. Muitas coisas mudaram do século XIX para cá e os pregadores que marcam época tornaram-se cada vez mais raros. Tanto a igreja primitiva quanto a reforma protestante foram liderados por pregadores marcantes. Os grandes avivamentos idem. Se a igreja evangélica têm adoecido e encontra-se fraca (muitos adoradores extravagantes hão de discordar de mim, porém é só comparar com a igreja bíblica) a culpa é principalmente de quem se dispõe a pregar.
 
Em Tito 1:9 a bíblia nos mostra que o ministro deve ser "apegado à palavra fiel", em I corintios 2:5 a pregação não deve se "apoiar em sabedoria humana, e sim no poder de Deus".Todas as profissões humanas e suas filosofias servem no máximo para serem citadas uma vez ou outra. Ficar se baseando em conhecimento humano para montar a espinha dorsal (sustento) da pregação é ir contra esta verdade: "A minha pregação e a minha palavra não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder" (I co 2:4). Atualmente a psicologia tem tomado conta dos púlpitos. Parece que para ser um bom pregador, é necessário recorrer aos ensinos de Freud sobre a psique (alma) humana.
 
O resultado disso são igrejas transformadas em divã, onde o homem requer que ele esteja no centro da pregação e que sempre precise de mensagens de auto-ajuda, criando pessoas espiritualmente fracas, mimadas e despreparadas para as dificuldades, que sabem mais sobre 300 louvores diferentes, ou tudo sobre temperamentos e crises de identidade mas não sabem de cor os 10 mandamentos ou as 9 partes do fruto do Espírito. Como dizia John Stott: sermaozinhos geram cristãozinhos.
 
No salmo 119:2 vemos que "bem aventurado os que guardam as suas prescrições" porém, o que mais vemos nos dias de hoje são pregações desconexas com o texto bíblico, o clássico texto isolado (praga de quem não quer aprender ou faz de propósito). Texto sem contexto é pretexto para esconder uma pregação fraca ou coisa pior. O pregador deve ficar sempre no texto, não precisamos ouvir histórias aos montes (um pouco ajuda, mas muito atrapalha), não precisamos ouvir historinhas engraçadas, piadas no púlpito. Pregação é coisa séria!!! Não precisamos de histórias de que tudo vai dar certo (mentira popular hoje em dia), precisamos ouvir verdades bíblicas fiéis ao texto bíblico e ao contexto histórico ao qual foi escrito.

Precisamos ser ensinados corretamente, coisa que é responsabilidade dos pregadores (no novo testamento, as funções do presbitero eram oração, pregação e ensino) e mestres. O dever de quem ouve é julgar segundo a reta justiça (Jo 7:24) e não segundo os nossos padrões de achismo (Mt 7:1). Uma pregação que não é cristocêntrica, independente do tema (bênção, vitória, prosperidade, matar os inimigos), não é uma pregação, é uma enrolação.

sábado, 14 de dezembro de 2013

O mover misterioso de Deus na vida de William Cowper

Hoje de manhã eu estava conversando com William Cowper (conversar nos meus termos é ler e refletir sobre como Deus agiu na vida de santos do passado a fim de crescer na vida cristã) e relembrei como Deus muitas vezes, age de modo dificil para nós e muitas vezes não nos dá explicação. Muitos acham isso terrível, porém, o Deus todo-poderoso não têm compromisso com nossas satisfações, e sim, com a sua glória.

Antes de vermos o porque disso, analisemos alguns fatos rápidos da vida desse homem:

- Perdeu a mãe aos seis anos de idade
- Sofria de esquizofrênia aguda; tentou o suicídio 4 vezes
- Suspeita-se de que tenha sido abusado sexualmente por seu pai durante a infância
- Namorou e noivou durante 7 anos, perto do casamento o pai da noiva exigiu o fim do romance [1]

Cowper foi um "cisne sofredor", como John Piper gosta de chamá-lo. Se vivesse nos dias de hoje, seria acusado de falta de fé, estar fora da visão, estar em pecado, Deus o está castigando....

Mas biblicamente vemos que: E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Romanos 5:3-5

As dificuldades da vida servem principalmente para um fim: a perseverança! Nunca chegariamos ao céu sem as tribulações, pois somos tendenciosos ao comodismo e a frieza espiuritual muito rapidamente. É também por isso que Agur sabiamente nos diz:

Afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: dá-me só o pão que me é necessário; para que eu de farto não te negue, e diga: Quem é o Senhor? ou, empobrecendo, não venha a furtar, e profane o nome de Deus. Provérbios 30:8-9

A riqueza obviamente significa a ausência de dificuldades, e Agur bem sabia que isso o levaria a se afastar da presença de Deus. Batalhas constantes servem para cada vez mais sermos forjados no fogo (igualmente como um aço bruto é forjado no fogo até virar uma espada, ou o ouro quando é purificado pelo fogo, retirando suas impurezas).

A história por trás da música que inspirou esse post é uma perfeita demonstração da providência de Deus:

Um dia, William Cowper saiu de casa decidido a se matar.  Pegou um coche e seguiu em rumo à ponte de Londres. O trajeto da sua casa até a ponte levava 10 minutos, mas o cocheiro (alguém que conhecia o caminho como poucos devido a sua experiência) simplesmente não conseguia chegar ao destino. Vagueou por duas horas, até que Cowper pediu para voltar para casa. Quando o cocheiro deixou Cowper em casa disse que não precisava pagar, pois não tinha completado o serviço. Cowper respondeu: "Você engana-se, você pode não saber, mas você cumpriu exatamente aquilo o que Deus queria." Pagou o cocheiro, entrou em casa, sentou-se e começou a escrever "Deus se move de forma misteriosa".

William Cowper sofreu severamente até o fim de sua vida com a esquizofrênia, a insanidade e a melancolia. Mas de forma nenhuma isso mostra que Deus estava longe dele, muito pelo contrário. Somente a graça soberana do Deus soberano é capaz de prover lucidez tamanha ao ponto de tornar alguém com severas lutas mentais e tendências suicidas em um compositor tão abençoado. Ensina-nos a cantar William Cowper!

Deus se move de forma misteriosa

Deus se move de formas misteriosa 
Para realizar suas maravilhas
Ele imprime suas pegadas no mar
E cavalga sobre a tempestade.

Fundo, em minas imensuráveis
De habilidade que nunca falha,
Ele entesoura seus desígnios brilhantes
E opera sua vontade soberana.

Vós, santos medrosos, renovai a coragem!
As nuvens que tanto temeis,
São grandes em misericórdias, e irromperão
Em bênçãos sobre vossas cabeças.

Não julgue o Senhor com débil entendimento,
Mas confie nele pela sua graça.
Por trás de uma providência carrancuda,
Ele oculta uma face sorridente.

Seus propósitos amadurecerão rapidamente,
Desvendo-se a cada hora;
O botão pode ter um gosto amargo,
Mas a flor será doce.

A incredulidade cega certamente errará
E esquadrinha sua obra em vão:
Deus é seu próprio intérprete
E ele o tornará claro. 




Quem puder ouça também esta bela versão





[1] O sorriso escondido de Deus; John Piper
E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Romanos 5:3-5
E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Romanos 5:3-5

sexta-feira, 8 de novembro de 2013



Estudo sobre a TULIP: Depravação total



Depravação total não significa que o ser humano é tão mal quanto pode ser. Significa que mesmo em cada ato de bondade, boas obras e aparência piedosa (sem a presença de Deus) há uma mancha, uma marca do pecado. Fruto máximo da queda do jardim do éden, o pecado habita no ser humano de tal forma, que só um milagre para reverter a situação.

Alguns podem argumentar: como o ser humano é tão mal assim se existem pessoas que nunca foram cristãs e suas vidas são um exemplo para nós? A resposta é que mesmo destituídas da glória de Deus (Rm 3:23) existe em cada ser humano algo como uma “semente de Deus”. 

Ponto 1: A semente de Deus

Analisemos esse trecho:

“Os quais (gentios) mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” (Romanos 2:15)

E também: 

“Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a idéia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim.” (Eclesiastes 3:11)

Logo, chegamos a conclusão que todo ser humano tem uma vaga idéia, uma vaga noção de que existe um Deus e precisa adorá-lo.  Não é de surpreender que existam várias religiões ao redor do mundo, as pessoas sabem ou sentem que precisam adorar algo ou alguem superior, o problema é que elas direcionam suas adorações a “deuses” ou pessoas erradas. 

Isso explica porque tantas pessoas tratam seus parceiros como deuses, os quais não conseguem viver sem, porque tantas pessoas idolatram times de futebol, amigos, artistas, atores, pessoas, pessoas,  pessoas...
Eles simplesmente se utilizam da “semente de Deus” de uma forma errônea. Ao invés de adorarem ao criador do universo, adoram a outros, ou a si mesmas.

Ponto 2: A fonte corrompida

Mais um argumento de que o homem é incapaz por si só de escolher ou fazer o que é bom: sua fonte está corrompida. Analisemos:

“Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4:23)

Se é do nosso coração que procedem as fontes da vida, é óbvio que é dai que saem as nossas decisões, bem como a de querer ser salvo, de fazer coisas boas. Mas a biblia não é gentil com nosso coração:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o poderá conhecer?” (Jeremias 17:9)
 
O nosso coração é simplesmente nosso maior inimigo. O profeta deixa bem claro que o coração é enganoso mais do que todas as coisas, nada pode ser pior do que ele. Desesperadamente corrupto, algo que indica uma continuidade maligna. O pior é a pergunta quase sem resposta: quem o poderá conhecer? Essa passagem por si só já condenaria a questão de que somos sábios para tomar qualquer (e eu digo qualquer mesmo) decisão. Mas tem alguem com uma opinião bem mais forte:

“Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem.Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mateus 15:18-19)

O próprio Jesus condenou o nosso coração em todas as instâncias possiveis. Ele classificou o nosso coração como o autor de várias categorias de crimes.

Se o nosso coração é fonte de vida, e Jesus e Jeremias nos mostram quão corrupto é nosso coração, a que conclusão podemos chegar? Simples: nós por nós mesmos só queremos e desejamos o que é mau mesmo quando aparentamos querer o bem.

Ponto 3: A escravidão da vontade e do pecado

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob a escravidão do pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sou escravo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado." (Romanos 7:14-25)

Aqui vemos mais do que uma averiguação, é uma confissão. O apóstolo Paulo simplesmente sintetiza toda a existência humana: escravos do pecado. Alguns podem afirmar: “ah, mas ele se refere a lei mosaica”. Isso não passa de falácia, por dois motivos:

1-      O simples fato de Paulo estar usando a palavra “lei” não quer dizer que seja somente o período da lei mosaica. A palavra lei é muito mais ampla que o sistema cerimonial e sacrifical da lei. Quando a palavra lei é usada no novo testamento, refere-se à algo como vontade de Deus. Paulo usa expressões como “lei do Espirito e da vida” (Rm 8:2), “lei de Cristo” (Gl 6:2) entre outros. A lei, smepre foi e sempre será a vontade de Deus revelada.

2-      O tempo verbal que o aposto usa o tempo inteiro é o tempo presente. Ele afirma explicitamente que ele é (tempo verbal: presente) carnal,  ele diz que não faz (tempo verbal:presente) o que prefere, mas faz o que detesta (tempo verbal: presente). Todos os verbos que mostram sua fraqueza em fazer a vontade de Deus por si só está no tempo verbal do presente. 

Então, obviamente Paulo reconhecia que ele, mesmo já tendo feito tanto pelo reino de Cristo ( a epístola aos romanos foi escrita por volta de 57 d.c, anos após sua conversão e inicio ministerial) ele sabia que ele pelas próprias forças, cairia nos seus pecados.


“Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre.Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:34-36)

Jesus diz explicitamente: todo aquele que comete pecado. Basta um só para nos escravizar. A morte entrou no mundo através de um só homem (Rm 5) e com isso, toda a humanidade tornou-se escrava do cativeiro da vontade. 

Para um escravo ser liberto, só há 2 opções: ou ele foge (o que no caso do pecado, como já vimos é impossível) ou o senhor dele o dá a carta de alforria. Acaso pensam que é coincidência quando Colossenses  2:14 nos diz: “e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz?”. É exatamente a mesma coisa quando um senhor liberta seu escravo. E é aqui que entramos no ponto final:

              Ponto 4: O único que pode nos libertar: Jesus Cristo
 

“Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre.Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:34-36)

“tendo sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos;e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos;e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz;” (Colossenses 2:12-14)

"E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, e ele também o fará." (I Tessalonicenses 5:23-24)

"De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor;porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade." (Filipenses 2:12-13)

De fato, são pouquissimos os versiculos que me veem a cabeça, porém em todos eles a essência é a mesma: é Deus, e somente Ele, através  da obra do Senhor Jesus Cristo e do testemunho interno do Espirito Santo é que pode salvar o ser humano. É simplesmente impossivel que qualquer ser humano possa dizer que quis Jesus, que optou por Ele. 

Se não fosse o braço forte do Senhor nos tirando das trevas, jamais conseguiríamos sair e prosseguir em Cristo. A pessoa que acha que por si só consegue algo (lembrem-se de João 15-5: Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.) simplesmente desconhece o que é graça.

“para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.”
1 Coríntios 1:31