quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Talmidim, a Palavra de Deus e as consequências

Talmidim: Lendo partes desta obra, me deparo com um devocional em João 17:17 onde o autor começa dizendo sobre a relação do cristão com o mundo e tal, até que ele diz: "A forma correta de nos relacionarmos com o mundo é obedecendo a Palavra de Deus. Mas a Palavra não é um monte de regras ou doutrinas religiosas ou teológicas. A Palavra é o verbo encarnado Jesus". A velha falácia do argumento duplo: diz uma verdade junto com uma mentira onde os defensores do sujeito só se lembram da verdade. É óbvio que Jesus é a Palavra de Deus (logos no grego, muito mais Palavra do que razão) e quanto a isso não há dúvidas ao cristão. Só há um problema fundamental: A Palavra (Jesus) está a destra do Pai nos céus (Atos 7:55-56). Como ter uma vida agradável a Deus vivendo neste mundo caído se a Palavra encarnada não está entre nós? Obviamente é atentando na Palavra revelada (escrita) de Deus, a Bíblia. Ao definir que devemos ter a Palavra encarnada como exemplo, o autor da obra cria diversos problemas:

1- Os ensinos de Jesus são mais importantes que qualquer outro ensino bíblico.

Este é um erro muito comum pois visa dar um maior peso ao que Jesus ensinou do que os profetas ou seus apóstolos por exemplo. Porém o cristã deve ter em mente que a bíblia é um livro único que contem muitos livros, uma parte não pode e não deve ser
tratada como mais importante pois, do contrário, qual a necessidade dos demais 62 livros do cânon bíblico?

2- Assume que a bíblia não tem serventia para ensinar o caminho certo ao cristão.

Se eu preciso apenas atentar nos ensinos da Palavra encarnada, para quê eu precisaria da Palavra revelada? Começaremos agora a fazer leitura seletiva da bíblia, onde eu levo em consideração apenas o que me convêm? Já dizia Agostinho: se eu levo em conta apenas a parte do evangelho que me agrada, não é o evangelho o que eu amo.

3- Repete a velha heresia Marcionita/liberal teológica de que a Bíblia não é a Palavra de Deus, apenas contem a Palavra de Deus.

Desde Marcião no século II até os liberais teológicos atuais (filhos de heresia deste) a Palavra de Deus revelada (Bíblia) tem sido atacada covardemente. Um dos principais argumentos de liberais teológicos é alegar frases como: "A bíblia é um livro de erros mas Deus fala através desses erros" (Karl Barth, comentário ao romanos) entre outros argumentos. O motivo é a suposta falta de amor do Deus do antigo testamento quando setencia pessoas à morte em relação aos mandamentos encontrados no novo. Na cabeça de tais pessoas, boa parte do antigo testamento e algumas do novo (especialmente com Marcião) não fazem parte do cânon bíbico pretendido por Deus, pois se chocam ou com as ideias humanistas ou com partes da ciência. O Senhor Jesus faz questão de quebrar este raciocínio, como por exemplo em João 5:35 onde ele diz: "As escrituras (antigo testamento) dão testemunho de mim" (tradução livre) ou o salmo 119 que é um louvor gigantesco a supremacia da Palavra de Deus (naquele contexto, o antigo testamento).

4- Impede um relacionamento objetivo com Deus, tudo torna-se subjetivo.

Ao afirmar que o nosso relacionamento é com uma Pessoa que não está aqui corporalmente (é óbvio que o Senhor Jesus pode se manifestar como e quando quiser, porém Ele mesmo disse que só voltaria para buscar sua igreja) o autor em questão implicitamente destrói em seus leitores a possibilidade de se conhecer a Deus de forma em que Ele seja o padrão para tudo e todos. Em outras palavras, somente a experiência pessoal é que conta (como fazem alguns [não todos] pentecostais). Sendo assim, torna-se impossível afirmar verdades sobre o ser de Deus e sobre sua verdade, sendo que o próprio conceito de verdade torna-se líquido pois, se o meio pelo qual nós nos relacionamos com Deus não está aqui, como podemos atestar verdades sobre Ele? Alguém pode contra-argumentar: Ele quis enfatizar o relacionamento com o Senhor Jesus. Mas isso não é atestado em nenhuma parte do devocional. O autor apenas joga a frase e a deixa sem uma explicação maior, com mais detalhes. Logo, a responsabilidade do correto entendimento é do autor do livro. Levando em consideração o seu passado...
Outro problema fundamental da falta de um conceito sólido sobre o relacionamento com Deus é a "colcha de retalhos" que Deus seria. O seu Deus seria de um jeito, o meu de outro, o do John Piper seria também diferente e o do Norman Geisler então nem se fala. Ao afirmar que o caminho para um relacionamento com Deus é se relacionando com Jesus (correto) a parte da Palavra de Deus (errado) nossa mente caída e pecaminosa fatalmente criaria deuses segundo a nossa imagem e semelhança (consultar romanos 1).
5- A relativização da verdade e do pecado.



Com deuses a nossa imagem e semelhança, a própria verdade de Deus seria um conceito dificil de se atingir, pois todos teríamos deuses de estimação. Consequentemente, o conceito de pecado também seria subjetivo: o que é pecado para o seu conceito de Deus não é para o meu conceito de Deus. A falta de um padrão objetivo de verdade, ou a escolha seletiva do que é verdade ou não levada as últimas consequências levam a um padrão de desordem e confusão. Quando Israel não tinha rei, cada um fazia o que achava mais correto (falta de padrão objetivo) e o resultado foi uma anarquia pecaminosa. A Palavra de Deus revelada a nós existe para isso mesmo: evitar que caiamos o engano do erro do pecado, pois a mesma é inspirada por Deus (II Timóteo 3:16).

Conclusão

Como sempre, aparecerão pessoas dispostas a defender o autor da presente obra com argumentos do tipo: essa frase em um devocional não prova nada, isso é procurar chifre em cabeça de cavalo, você não observou as coisas boas, etc. Mas será mesmo que vale a pena emprestar seus ouvidos e olhos a uma mentira tão grande em torno de algumas verdades? Alguém questionaria: mas não devemos ouvir todas as coisas e reter o que é bom (ITessalonicenses 5:21)? O contexto trata da vida do cristão dentro e fora da igreja: ele não deve desprezar as profecias (quando alguém fala em nome de Deus), aplicar o conceito anteriormente argumentado e fugir da aparência do mal. Alguém colocaria a mão no esgoto por causa de 2 centavos? Alguém beberia um copo de água limpa com apenas uma gota de veneno? Duvido muito que alguém em sã consciência diria que sim. Se somos tão preocupados assim com nosso corpo, por que não seríamos ais cuidadosos ainda com nossas almas? Este tipo de ensino corrosivo sempre cobra seu preço, as igrejas protestantes na Europa que o digam. Que Deus tenha misericórdia de quem toma ensinos como estes em consideração.

"Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho."
2 João 1:9

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Não terás outros deuses diante de mim (Êxodo 20:3)

A Lei de Deus foi entregue durante a saída do Egito rumo à canaã. O objetivo primário era retirar a cosmovisão politeísta egípcia da mente dos hebreus. Todas as civilizações da História tiveram suas religiões e seus deuses, logo, seria fácil para os hebreus caírem na tentação de servir aos "deuses" mundanos ( o que de fato ocorreu outras vezes no futuro). Deus se apresenta não como mais um deus, e sim como o único Deus verdadeiro. Isso nos mostra que:

1- Deus é diferente de todos os deuses criados pela imaginação humana.

O judaísmo não é a primeira religião do mundo (talvez seja o xamantismo ou o hinduísmo) mas é a primeira a afirmar a existência de um único Deus (as outras duas são o cristianismo e o islamismo). Ao afirmar seu caráter único e exclusivo, Deus se colocou acima dos deuses criados pela imaginação humana e consequentemente, de seus benefícios.

2- Não adorar o único Deus é não cumprir o propósito de nossas vidas.

Deus criou o Homem para o louvor da sua glória (Efésios 1:4) e pôs a eternidade no coração do Homem (Eclesiastes 3:11). A conclusão lógica é que Deus fez o Homem com uma forte conotação espiritual. O problema é que as sociedades do Ocidente buscam cada vez mais afastar o Homem da verdadeira busca espiritual, das coisas eternas e tenta colocar no lugar coisas materiais, busca por prazeres que prometem durar infinitamente mas têm prazo de validade, entre outros.

3- Não ter o Senhor como primazia nos lança em um vazio existencial.

Ao não louvar o Senhor e dar as costas para o lado eterno da vida a humanidade perde o caminho da verdadeira autodescoberta e entra em uma espiral de desespero, angústia ou autosatisfação vã, onde as coisas materiais se tornam mais importantes que as espirituais e as temporais mais importantes que as eternas. Consultórios de psicologia lotados são produto direto de uma cultura que se recusa a fazer aquilo para o que ela foi criada para fazer.

4- Fatos e circunstâncias favoráveis não diminuem esta realidade.

O fato de muitos seres humanos terem uma vida aparentemente boa e próspera sem levarem Deus em consideração ou adorando a "deuses" falsos não diminuem a importância da primazia do Senhor em nossas vidas. Em primeiro lugar, devemos nos lembrar que satanás têm seus próprios milagres (II Coríntios 11:14-15). O diabo pode oferecer benefícios materiais para manter a humanidade afastada de Deus, adorando deuses materiais ou ídolos do coração. O Senhor também permite que aqueles que não O amem venham a ter vida boa (Salmo 73) como prova de sua misericórdia.

5- O nosso coração é uma fábrica de ídolos (deuses).

Embora os ídolos originais sejam ídolos pagãos, com o crescimento do cristianismo tornou-se mais dificil satanás enganar as nações, embora o engano ainda exista. O problema é que nosso coração ainda é corrupto e acaba criando "deuses" diferentes dos originais: sexo, álcool, drogas, filmes, seriados, café, açúcar, filhos, carreira profissional, ministério, cargos, etc. Os ídolos modernos atacam interiormente porque nossa sociedade tenta nos afastar de Deus e da vida eterna. Então conhecemos o conceito de idolatria moderna, que pode envolver coisas boas, desde assistir a um filme ou uma partida de futebol até coisas extremas como o vício em drogas (Jeremias 17:9).

6- É fundamental ter comunhão com Deus.

Como já vimos, os ídolos do Ocidente no século XXI normalmente e vestem de sonhos, desejos e prazeres, oriundos do nosso coração corrupto. A única forma de vencê-los é tendo comunhão com Deus através da meditação em sua Palavra e da prática da oração. Jesus disse que seríamos santificados mediante a Palavra (João 17:17) e Tiago capítulo 5 diz que a oração pode muito em seus efeitos. Não há como vencer nossos próprios desejos sem a ajuda sobrenatural.

7- O maior dos mandamentos

Por estar em primeiro na ordem do Senhor, presume-se que este seja o mais importante dos mandamentos. É necessário pegarmos a opinião de um especialista neste ponto. Em Marcos 12:28-30 Jesus amarra os 4 primeiros mandamentos os condensa. Vemos então que toda a Lei se resume em amar a Deus em primeiro lugar. Quando eu adoro um outro deus como um deus pagão ou ao meu próprio coração, estou deixando de amar o único Deus verdadeiro como Ele merece e requer. Quando eu não amo ao Senhor, este vazio é preenchido com qualquer outra coisa ou ser que não seja Deus, o então o Homem perde totalmente o sentido da vida. 

8- Ter outros deuses é o grande pecado

Se amar a Deus de todo o nosso coração, alma, força e entendimento é o grande mandamento, não amá-lo nessa intensidade é o grande pecado. Não se trata apenas de curvar-se diante de uma estátua que constitui idolatria; quando amamos mais algo ou alguém, quando gastamos mais tempo com pessoas e coisas do que com Ele estamos cometendo o grande pecado. O Senhor deve ser amado e valorizado no mais alto grau de nossas vidas, muito mais que nossas carreiras, desejos e pessoas.

Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.cE estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.

Deuteronômio 6:4-7