segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

 O cuidado com a pregação
"Mas ainda que um de nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que temos pregado seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além do que recebestes, seja anátema."
Gálatas 1:8-9 
 
Esses versículos mostram a preocupação de Paulo em que os seus amados cidadãos da Galácia recebessem um evangelho deturpado. Trazendo aos nossos dias, é necessário trazer esse zelo por uma pregação autêntica de volta.
 
O trecho em questão trata do evangelho judaizante que queriam empurrar aos gálatas, mas cai como uma luva para nos trazer a tona um tema: a ineficácia das pregações atualmente. Muitas coisas mudaram do século XIX para cá e os pregadores que marcam época tornaram-se cada vez mais raros. Tanto a igreja primitiva quanto a reforma protestante foram liderados por pregadores marcantes. Os grandes avivamentos idem. Se a igreja evangélica têm adoecido e encontra-se fraca (muitos adoradores extravagantes hão de discordar de mim, porém é só comparar com a igreja bíblica) a culpa é principalmente de quem se dispõe a pregar.
 
Em Tito 1:9 a bíblia nos mostra que o ministro deve ser "apegado à palavra fiel", em I corintios 2:5 a pregação não deve se "apoiar em sabedoria humana, e sim no poder de Deus".Todas as profissões humanas e suas filosofias servem no máximo para serem citadas uma vez ou outra. Ficar se baseando em conhecimento humano para montar a espinha dorsal (sustento) da pregação é ir contra esta verdade: "A minha pregação e a minha palavra não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder" (I co 2:4). Atualmente a psicologia tem tomado conta dos púlpitos. Parece que para ser um bom pregador, é necessário recorrer aos ensinos de Freud sobre a psique (alma) humana.
 
O resultado disso são igrejas transformadas em divã, onde o homem requer que ele esteja no centro da pregação e que sempre precise de mensagens de auto-ajuda, criando pessoas espiritualmente fracas, mimadas e despreparadas para as dificuldades, que sabem mais sobre 300 louvores diferentes, ou tudo sobre temperamentos e crises de identidade mas não sabem de cor os 10 mandamentos ou as 9 partes do fruto do Espírito. Como dizia John Stott: sermaozinhos geram cristãozinhos.
 
No salmo 119:2 vemos que "bem aventurado os que guardam as suas prescrições" porém, o que mais vemos nos dias de hoje são pregações desconexas com o texto bíblico, o clássico texto isolado (praga de quem não quer aprender ou faz de propósito). Texto sem contexto é pretexto para esconder uma pregação fraca ou coisa pior. O pregador deve ficar sempre no texto, não precisamos ouvir histórias aos montes (um pouco ajuda, mas muito atrapalha), não precisamos ouvir historinhas engraçadas, piadas no púlpito. Pregação é coisa séria!!! Não precisamos de histórias de que tudo vai dar certo (mentira popular hoje em dia), precisamos ouvir verdades bíblicas fiéis ao texto bíblico e ao contexto histórico ao qual foi escrito.

Precisamos ser ensinados corretamente, coisa que é responsabilidade dos pregadores (no novo testamento, as funções do presbitero eram oração, pregação e ensino) e mestres. O dever de quem ouve é julgar segundo a reta justiça (Jo 7:24) e não segundo os nossos padrões de achismo (Mt 7:1). Uma pregação que não é cristocêntrica, independente do tema (bênção, vitória, prosperidade, matar os inimigos), não é uma pregação, é uma enrolação.

sábado, 14 de dezembro de 2013

O mover misterioso de Deus na vida de William Cowper

Hoje de manhã eu estava conversando com William Cowper (conversar nos meus termos é ler e refletir sobre como Deus agiu na vida de santos do passado a fim de crescer na vida cristã) e relembrei como Deus muitas vezes, age de modo dificil para nós e muitas vezes não nos dá explicação. Muitos acham isso terrível, porém, o Deus todo-poderoso não têm compromisso com nossas satisfações, e sim, com a sua glória.

Antes de vermos o porque disso, analisemos alguns fatos rápidos da vida desse homem:

- Perdeu a mãe aos seis anos de idade
- Sofria de esquizofrênia aguda; tentou o suicídio 4 vezes
- Suspeita-se de que tenha sido abusado sexualmente por seu pai durante a infância
- Namorou e noivou durante 7 anos, perto do casamento o pai da noiva exigiu o fim do romance [1]

Cowper foi um "cisne sofredor", como John Piper gosta de chamá-lo. Se vivesse nos dias de hoje, seria acusado de falta de fé, estar fora da visão, estar em pecado, Deus o está castigando....

Mas biblicamente vemos que: E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Romanos 5:3-5

As dificuldades da vida servem principalmente para um fim: a perseverança! Nunca chegariamos ao céu sem as tribulações, pois somos tendenciosos ao comodismo e a frieza espiuritual muito rapidamente. É também por isso que Agur sabiamente nos diz:

Afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: dá-me só o pão que me é necessário; para que eu de farto não te negue, e diga: Quem é o Senhor? ou, empobrecendo, não venha a furtar, e profane o nome de Deus. Provérbios 30:8-9

A riqueza obviamente significa a ausência de dificuldades, e Agur bem sabia que isso o levaria a se afastar da presença de Deus. Batalhas constantes servem para cada vez mais sermos forjados no fogo (igualmente como um aço bruto é forjado no fogo até virar uma espada, ou o ouro quando é purificado pelo fogo, retirando suas impurezas).

A história por trás da música que inspirou esse post é uma perfeita demonstração da providência de Deus:

Um dia, William Cowper saiu de casa decidido a se matar.  Pegou um coche e seguiu em rumo à ponte de Londres. O trajeto da sua casa até a ponte levava 10 minutos, mas o cocheiro (alguém que conhecia o caminho como poucos devido a sua experiência) simplesmente não conseguia chegar ao destino. Vagueou por duas horas, até que Cowper pediu para voltar para casa. Quando o cocheiro deixou Cowper em casa disse que não precisava pagar, pois não tinha completado o serviço. Cowper respondeu: "Você engana-se, você pode não saber, mas você cumpriu exatamente aquilo o que Deus queria." Pagou o cocheiro, entrou em casa, sentou-se e começou a escrever "Deus se move de forma misteriosa".

William Cowper sofreu severamente até o fim de sua vida com a esquizofrênia, a insanidade e a melancolia. Mas de forma nenhuma isso mostra que Deus estava longe dele, muito pelo contrário. Somente a graça soberana do Deus soberano é capaz de prover lucidez tamanha ao ponto de tornar alguém com severas lutas mentais e tendências suicidas em um compositor tão abençoado. Ensina-nos a cantar William Cowper!

Deus se move de forma misteriosa

Deus se move de formas misteriosa 
Para realizar suas maravilhas
Ele imprime suas pegadas no mar
E cavalga sobre a tempestade.

Fundo, em minas imensuráveis
De habilidade que nunca falha,
Ele entesoura seus desígnios brilhantes
E opera sua vontade soberana.

Vós, santos medrosos, renovai a coragem!
As nuvens que tanto temeis,
São grandes em misericórdias, e irromperão
Em bênçãos sobre vossas cabeças.

Não julgue o Senhor com débil entendimento,
Mas confie nele pela sua graça.
Por trás de uma providência carrancuda,
Ele oculta uma face sorridente.

Seus propósitos amadurecerão rapidamente,
Desvendo-se a cada hora;
O botão pode ter um gosto amargo,
Mas a flor será doce.

A incredulidade cega certamente errará
E esquadrinha sua obra em vão:
Deus é seu próprio intérprete
E ele o tornará claro. 




Quem puder ouça também esta bela versão





[1] O sorriso escondido de Deus; John Piper
E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Romanos 5:3-5
E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Romanos 5:3-5