O cuidado com a pregação
"Mas ainda que um de nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que temos pregado seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além do que recebestes, seja anátema."
Gálatas 1:8-9
Esses versículos mostram a preocupação de Paulo em que os seus amados cidadãos da Galácia recebessem um evangelho deturpado. Trazendo aos nossos dias, é necessário trazer esse zelo por uma pregação autêntica de volta.
O trecho em questão trata do evangelho judaizante que queriam empurrar aos gálatas, mas cai como uma luva para nos trazer a tona um tema: a ineficácia das pregações atualmente. Muitas coisas mudaram do século XIX para cá e os pregadores que marcam época tornaram-se cada vez mais raros. Tanto a igreja primitiva quanto a reforma protestante foram liderados por pregadores marcantes. Os grandes avivamentos idem. Se a igreja evangélica têm adoecido e encontra-se fraca (muitos adoradores extravagantes hão de discordar de mim, porém é só comparar com a igreja bíblica) a culpa é principalmente de quem se dispõe a pregar.
Em Tito 1:9 a bíblia nos mostra que o ministro deve ser "apegado à palavra fiel", em I corintios 2:5 a pregação não deve se "apoiar em sabedoria humana, e sim no poder de Deus".Todas as profissões humanas e suas filosofias servem no máximo para serem citadas uma vez ou outra. Ficar se baseando em conhecimento humano para montar a espinha dorsal (sustento) da pregação é ir contra esta verdade: "A minha pregação e a minha palavra não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder" (I co 2:4). Atualmente a psicologia tem tomado conta dos púlpitos. Parece que para ser um bom pregador, é necessário recorrer aos ensinos de Freud sobre a psique (alma) humana.
O resultado disso são igrejas transformadas em divã, onde o homem requer que ele esteja no centro da pregação e que sempre precise de mensagens de auto-ajuda, criando pessoas espiritualmente fracas, mimadas e despreparadas para as dificuldades, que sabem mais sobre 300 louvores diferentes, ou tudo sobre temperamentos e crises de identidade mas não sabem de cor os 10 mandamentos ou as 9 partes do fruto do Espírito. Como dizia John Stott: sermaozinhos geram cristãozinhos.
No salmo 119:2 vemos que "bem aventurado os que guardam as suas prescrições" porém, o que mais vemos nos dias de hoje são pregações desconexas com o texto bíblico, o clássico texto isolado (praga de quem não quer aprender ou faz de propósito). Texto sem contexto é pretexto para esconder uma pregação fraca ou coisa pior. O pregador deve ficar sempre no texto, não precisamos ouvir histórias aos montes (um pouco ajuda, mas muito atrapalha), não precisamos ouvir historinhas engraçadas, piadas no púlpito. Pregação é coisa séria!!! Não precisamos de histórias de que tudo vai dar certo (mentira popular hoje em dia), precisamos ouvir verdades bíblicas fiéis ao texto bíblico e ao contexto histórico ao qual foi escrito.
Precisamos ser ensinados corretamente, coisa que é responsabilidade dos pregadores (no novo testamento, as funções do presbitero eram oração, pregação e ensino) e mestres. O dever de quem ouve é julgar segundo a reta justiça (Jo 7:24) e não segundo os nossos padrões de achismo (Mt 7:1). Uma pregação que não é cristocêntrica, independente do tema (bênção, vitória, prosperidade, matar os inimigos), não é uma pregação, é uma enrolação.